sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Lembranças


Quando eu era pequena, meu pai sempre trazia da padaria um chocolate pra mim e um pra minha mãe. Eu dizia que aquele era meu chocolate preferido, lembro que ele tinha pedaços de castanha... Mas aquele não era meu chocolate preferido porque eu havia experimentado vários e gostado mais daquele, era meu preferido pelo que representava. Eu sabia que aquele chocolate significava que meu pai havia lembrado de mim, e de alguma forma me amava. O tempo passou e ele deixou de trazer... Então um dia, depois de alguns anos, fui naquela mesma padaria e comprei o chocolate. Foi quando entendi que aquele nunca tinha sido meu preferido, que na verdade ele era como qualquer outro. Não fazia sentido compra-lo, não era a mesma coisa come-lo. Essa foi a primeira vez que me senti só.
No mundo dos negócios, o valor agregado ao produto, é em geral, o maior diferencial que uma empresa pode oferecer. Dois refrigerantes podem ter sabor idêntico, mas se um deles estiver numa lata de coca-cola valerá mais. Duas calças podem ser idênticas, mas se uma for vendida no shopping será mais cara. Marca, marketing, publicidade. Era assim que eu via aqueles chocolates, a forma concreta e saborosa do amor de meu pai, que na verdade, era apenas o valor agregado.
Talvez justamente porque o via assim, hoje não consigo enxergar... O que é o amor? Senão um chocolate comprado na padaria e trazido pelo pai... E se isso não mais existe, então o amor é como abraçar o vento... subjetivo demais para que eu entenda.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

24/12/2010

Ok. Acho que devo explicações a mim mesma. Não sou tão jovem para que possa imaginar um futuro distante, nem tão velha ao ponto de pensar que esse futuro não mais existe. Estou bem diante do tempo em que terei que tomar uma decisão. Tenho 19 anos e ao mesmo tempo que penso que já fiz muita coisa pra alguém de minha idade, imagino que poderia ter feito muito mais, e não fiz. Não tenho tempo, nem posso, reviver o passado, tão pouco sei por onde começar a construir meu futuro. Será que estou vivendo uma crise de identidade me pleno os 19 anos? Achei que isso fosse coisa de adolescente... A verdade é que eu não sei o quanto madura já estou, se é que amadureci ao longo desses anos. Aprender não é amadurecer, ter experiências não é amadurecer, conhecer e influenciar pessoas não é amadurecer, na verdade, o que é amadurecer? Trabalhar? Ganhar dinheiro? Tomar decisões?

Eu estou claramente perdida. Me sinto confusa...

domingo, 12 de dezembro de 2010

Gabrielle Andersen



Em 1984, nos jogos olímpicos de Los Angeles, a maratonista Gabrielle Andersen marcou a história. Simplesmente exausta, recusou a ajuda médica que a desclassificaria da prova. Seu objetivo: Atravessar a linha de chegada.

Faltavam apenas 5 dias para a entrega do plano de negócios, tudo que eu tinha eram boas idéias e algumas palavras. Os primeiros a ficar prontos foram o de RH e o de responsabilidade social. Eu sabia que não ía dar tempo terminar. Eu sabia. Na penúltima semana, o ultimo integrante da "equipe" me dava mais trabalho que ajudava... Naquele instante me sentia frágil.

As duas ultimas madrugadas passaram rapidamente, o plano financeiro estava iniciado, o plano de marketing totalmente desacreditado. As horas voaram, comer e dormir deixaram de ter qualquer prioridade.

Quase todos os planos estavam incompletos, eu podia ter feito muito mais, eu podia ter detonado nesse plano, eu podia ganhar o 1º lugar, eu podia ser a melhor, mas não tive TEMPO. Como aquela maratonista em 1984, estava sozinha e preferia que fosse assim, já que a ajuda de outra pessoa me desclassificaria do trainee. Minha equipe era só eu. Tudo dependia apenas de mim, e do quanto eu queria completar aquele processo. Eu via nas outras equipes um apoiando o outro, eu via nas outras equipes motivação, e me via sozinha, tendo que injetar energia em mim mesma. Depender apenas de mim mesma sempre foi um grande desafio.

Então eu cheguei. Concluída a "prova" não passei no trainee, não entrei na empresa, não alcancei meu objetivo, não obtive justificativas plausíveis. Um desses tantos "NÃOs" que recebi tenho em comum com Gabrielle Andersen, eu NÃO DESISTI. Esse é o meu orgulho. Fui até o fim, levei comigo todos os problemas, soluções e críticas. Fiz muito mais do que acreditava ser possível fazer, fui o mais longe que podia ir dependendo das minhas próprias forças.

É lógico que eu não estou satisfeita... Afinal, eu QUASE venci. E esse QUASE refere-se apenas a parte de não desistir. E quer saber, ser um QUASE vencedor já é muito mais do que ser um perdedor. Pelo menos já tenho meio caminho andando neh!? hahahahaha

Ainda preciso escrever mais sobre isso.